domingo, 27 de março de 2016

SABOR DOS RELACIONAMENTOS HUMANOS




Cada vez que interagimos com alguém, direta ou indiretamente, temos sensações confortáveis ou desconfortáveis. É claro que o mesmo ocorre com nosso interlocutor, aquele que nos aborda. Ele também experimenta o sabor do encontro que teve conosco, que pode ser doce ou amargo.

Reconhecendo a importância deste tema, vivenciado por todos nós a cada instante, enriquecerei a profundidade deste artigo com a brilhante competência intuitiva de Gilberto Katayama, clínico geral e especialista em medicina do trabalho e saúde pública. Segundo ele, em seu artigo Mudança de Padrões de Consciência, publicado pela Revista Psique - Ano IX n° 112 - "existem dois tipos de comportamento: o reativo e o assertivo. O comportamento reativo pode ser subdividido em agressivo, como reação ao sentimento de raiva; passivo, como efeito  do medo e da tristeza, expresso na atitude de fuga ou desistência; passivo-agressivo, o comportamento da manipulação do meio ou das pessoas, em resposta ao sentimento de medo associado à raiva; e assertivo, quando é a atitude do adulto centrado que se posiciona diante do mundo consciente da sua verdade e ao mesmo tempo posiciona essa verdade perante os outros. É o indivíduo que está consciente do que está sentindo, vendo,  percebendo e fazendo. Está consciente do que está dentro e fora de si e escolhe que atitude tomar. Age  orientado pelos princípios da integridade, honestidade e verdade. A assertividade vem associada à proatividade e à ética do caráter. A reatividade, por sua vez, nada mais é do que a expressão inconsciente da reatividade aos estados internos dos sentimentos básicos da raiva, do medo e da tristeza, que fazem parte da natureza humana, assim como os comportamentos  reativos e assertivos".

Quando pensamos que desde o momento de nossa concepção, passando pelo nascimento, registramos na memória as experiências vivenciadas, somos levados a nos perceber como seres predominantemente reativos e só, eventualmente, assertivos. E quais são os sentimentos e sensações mais frequentes que resultam das interações com o outro? Dentre tantos, destacamos felicidade, ódio tristeza, alívio, alegria, indiferença, culpa, inveja, raiva, decepção etc. Intencionalmente, não incluímos o amor nesta lista por não se tratar de um sentimento (veja artigo específico neste Blog).

Ao ampliarmos a compreensão acerca dos fatores que ditam nossos comportamentos, avançamos no processo do autoconhecimento e melhoramos a consciência que temos de nós próprios e também da outra pessoa. A consequência esperada de tudo isso será uma maior disposição para o exercício de atitudes assertivas, visando a mudanças significativas nos relacionamentos. Com novos e melhores comportamentos, podemos afirmar que as mudanças sonhadas no mundo exterior devem ser precedidas por mudanças em nosso mundo interior. 

Nas amáveis palavras de Katayama, "todo ser humano tem em si a bondade, o amor e a compaixão. E quando as manifestamos, a realidade externa se transforma. Perceba que uma pessoa alegre e bondosa cria um ambiente onde o relacionamento que permeia é o respeito, a afetividade, o cuidado e o carinho. Essa pessoa, naquele instante, transformou a realidade externa, criando um novo ambiente. Perceba que o que impede a expressão de quem verdadeiramente somos são nossas experiências negativas registradas na memória como uma experiência passada que é eliciada e se manifesta no momento presente como padrão limitante, impedindo a livre expressão de quem somos".

Lembra-se de um  breve conceito de sabedoria? É converter em prática o conhecimento adquirido. O conhecimento que não é aplicado é como se não existisse. Tenho certeza de que você já sabe onde queremos chegar. Nossa única intenção foi contribuir para a diversificação de seus conhecimentos para a elaboração de sua autoanálise. Caso você se depare com alguma mudança pessoal específica ou com alguma pressão emocional de que não consiga gerenciar sem o suporte psicanalítico adequado, recomendamos a busca do que realmente pode ajudar você a ser mais feliz e, dessa forma, melhorar a qualidade dos relacionamento no ambiente que acomoda suas principais interações.


Ramos de Oliveira
Psicanalista Clínico
Professor de Psicanálise e Palestrante


Email: ramos.talentos@gmail.com
Av. Santos Dumont, 847 - Sala 303 – Aldeota
Fortaleza - Ceará - Brasil